quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

A Globalização Desculturaliza o Mundo

Foi assim que falou um dos entrevistados de “Por Que Quebró McDonald's em Bolivia?”, um documentário que explica como este país chegou a ser o único na América Latina a não possuir um restaurante desta cadeia de fast-food. O motivo principal defendido pelo filme é que o estilo de vida dos bolivianos é voltado para um ritmo mais lento e harmonioso, portanto a forma de cozinhar deste povo não combina com “comida rápida”, e prazeres instantâneos. Segundo este documentário o Brasil tem 480 restaurantes McDonald's, e sei lá quantos Bob's (como se o Ronald não fosse suficiente), e os resultados já podem ser vistos nos corpos do nosso país, tão acostumados com os esbeltos contornos dos povos originários.

Outro exemplo de desculturalização é a invasão de pastores evangélicos nas aldeias, que chegam a ficar décadas tentando traduzir a Bíblia para a língua nativa, gerando uma separação das gerações mais jovens com as tradições milenares. As nossas tradições brasileiras já são repletas de mistérios e de difícil acesso até para os próprios indígenas, uma pessoa tem que passar por várias "baterias" de ritos de passagem, para ter a honra de ser aprendiz de pajé. Instituições Católicas e Protestantes chegam, mascarados de benefícios sociais e de saúde, com a ideia de que “vocês só tiveram remédios e comida depois de aceitarem Jesus”, reeditando o roteiro já manjado dos Jesuítas, já que é impossível ter memória de algo que não está escrito na História. Mas por outro lado já é hora do povo acordar, já vivemos em um mundo com livre acesso à internet, a filmes como “O Segredo - A Lei da Atração” e técnicas como o PNL.



Espero que os indígenas utilizem a Bíblia não só no nível superficial, religioso, e até negativo. Gerando culpas de ser o que são. Tendo preconceito da sua própria cultura. Essa manipulação mental é horrível, nojenta, e “jogo sujo” dos Globalistas. Tomara que os parentes comecem (rápido!) a se ligarem no conteúdo mais profundo e esotérico da Palavra, que só pode ser compreendido após a análise de uma Bíblia Transliterada. Esse estudo sim, pode vir a acrescentar ao invés de diminuir, pode vir a ser uma informação de sabedoria universal, que ajudará a compreender a nossa própria mitologia. Está na hora de começarmos a ver com outros olhos nossos próprios mitos, e a renovarmos o interesse do povo em suas crenças, que também são cheias de profundos conhecimentos.


Muitos indígenas sofrem até com o reconhecimento do nome. Vergonhosamente tivemos que esperar até o dia 1º de Abril de 2014 para que se pudessem incluir nomes indígenas nas identidades. Até os deputados nos darem a graça da permissão de usarmos nossos próprios nomes, nós índios éramos obrigados a ter dois nomes, como José, Pedro, etc apenas para colocar na carteira, e um oficial dado pelo pajé para a convivência normal na Tekohaw, como Rudá, Potira, etc. Mas mesmo assim, isso é só uma “meia correção”, de um direito que foi retirado de todas as etnias Tupi-Guarani de forma fascista, com o intuito de facilitar a manipulação mental do povo. Ainda assim eles não são bobos, digo correção pela metade porque apenas dois estados autorizam a inclusão do Povo/Etnia no RG, sendo que este seria o equivalente ao “sobrenome” do índio, mas que tem uma relevância muito mais séria, é claro.

Esse ataque descarado continuou até o Facebook. Usuários que se identificaram com a causa Guarani-Kaiowá foram obrigados a retirar o nome da etnia do "sobrenome" de seu perfil. Aquilo foi uma forma de tentar coibir estas manifestações pacíficas contra o despejo dos indígenas da fazenda Cambará, na cidade de Iguatemi, no Mato Grosso do Sul. Indíos Norte-Americanos também foram bloqueados desta rede social por usar seus nomes originais. Alguns índios tiveram seus nomes mudados inclusive automaticamente, e só tiveram permissão de usar o nome real após ameaçarem entrar na justiça:
"Eles não tiveram nenhum problema em mudar meu nome para o de um homem branco, mas perseguiram a mim e outros, forçando-nos a provar nossa identidade enquanto outras pessoas mantinham os nomes delas. Nosso povo precisa saber que eles podem lutar de volta. Se mais pessoas reclamarem, eles vão mudar”, disse Brown Eyes.

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